Carta de Brasília

Diante das profundas transformações ambientais pelas quais passa o planeta e, sobretudo, em face à pandemia da Covid-19, nós, arquitetas(os), urbanistas, paisagistas, profissionais atuantes em diferentes áreas da vida social, reiteramos nosso compromisso com a qualidade da produção dos espaços das cidades e, notadamente, com os direitos urbanísticos, individuais e coletivos. Nossa responsabilidade profissional demanda ampliar a ressonância dos resultados de pesquisas e estudos visando, principalmente, atender a sociedade civil e os atores alijados dos processos participativos e decisórios.

É crucial, contudo, fortalecer a relação entre arquitetura, sociedade e natureza em suas múltiplas dimensões: seja como ambiente físico e espaço de preservação dos bens naturais, seja como sedimentação das histórias de modos de vida essenciais para a sobrevivência de diferentes culturas. Como alertam comunidades e movimentos sociais nos espaços de discussão política, ambiental e jurídica, o rural e o urbano se interpenetram em paisagens naturais e construídas e estabelecem dinâmicas de complementaridade que rompem a lógica capitalista de segmentação entre campo e cidade, lembrando que rios, lagos e florestas são elementos essenciais para as relações e vivências dos povos.

 

Nesse momento de revisão de paradigmas, é urgente que se criem alternativas filosóficas e construtivas em prol de uma arquitetura humanizada, integrada ao seu meio físico, cultural e ambiental. Diante de tantas situações de destruição, trata-se não apenas de identificar, criticar e denunciar processos que impactam as condições locais que afetam vidas humanas em nível mundial, mas também instaurar novas práticas de concepção e de ação pública e política.

No Brasil, neste novembro de 2021, vivenciamos um quadro de desmonte progressivo e acelerado de toda a estrutura de ensino e pesquisa construída ao longo das últimas décadas. O investimento em pesquisa está no menor patamar em anos, bolsas de pós-graduação foram cortadas, o orçamento das universidades federais foi drasticamente reduzido, colocando em risco seu funcionamento. Nossa grande área de conhecimento – as Ciências Sociais Aplicadas – tem sido atacada frontalmente pelo governo, soma-se a isso a fragilização das estruturas de estado voltadas para a esfera social e da cultura, exemplificada no cancelamento da realização do Censo Demográfico 2020.

Vivemos novos e constantes desafios seja em nossos Programas de PósGraduação e atividades de ensino, pesquisa e extensão, seja no âmbito do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) e de ameaça à democracia e à liberdade de cátedra. Faz-se, portanto, imperioso, conservarmo-nos firmes e propositivos em nossas ações e missão social.

 

 

 

 

 

 

 

 

Vimos, assim, afirmar que a reflexão comum dos diferentes movimentos sociais associativos mostra que os conceitos de cidade, cidadania, educação, ciência e cultura não são abstratos. Acreditamos que esta é a hora de demonstrar a ação coletiva das associações e entidades no sentido de esboçar, formular e construir projetos e políticas para as diversas configurações das vidas urbanas em comum.

 

 

 

 

 

 

 

 

Reiteramos, portanto, que no momento em que vivemos, dá-se a urgência da organização de segmentos da sociedade brasileira em grupos de reflexão e ação em termos de resistência e proposição.

 

 

 

 

 

 

 

 

Enfim, registre-se nosso compromisso e empenho comum em mantermo-nos em diálogo e interação, contribuindo no cotidiano dos indivíduos com os mundos que têm e com os quais sonham.

 

 

 

 

 

 

 

 

ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas

 

 

 

 

 

 

 

 

ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

 

 

 

 

 

 

 

 

ANPARQ – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

 

 

 

 

 

 

 

 

ANPUR – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTAC – Associação Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído

 

 

 

 

 

 

 

 

AsBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura BrCidades – Rede Brasil Cidades

 

 

 

 

 

 

 

 

CAU/BR – Conselho Nacional de Arquitetura e Urbanismo

 

 

 

 

 

 

 

 

DOCOMOMO BRASIL – Documentação e preservação de edifícios, sítios e unidades de vizinhanças do Movimento Moderno FASE Amazônia – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – Amazônia

 

 

 

 

 

 

 

 

FCHSSALLA – Fórum de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

FeNEA – Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

FNA – Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas

 

 

 

 

 

 

 

 

FoPósGAU – Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em AU Fórum Nacional de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro

 

 

 

 

 

 

 

 

GHabitar – Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

 

 

 

 

 

 

 

 

IAB-BR – Instituto de Arquitetos do Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

LePar – Laboratório de Estudos Sócio Antropológicos em Política, Arte e Religião

 

 

 

 

 

 

 

 

SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

 

 

 

 

 

 

 

 

UNMP – União Nacional por Moradia Popular